Rota dos Quintais - Mata do Cerejal - Alcanadas

A descoberta matinal deste fim de semana levou-nos até Alcanadas, uma pequena aldeia no concelho de Alcobaça. Um local à primeira vista sem grande coisa para mostrar mas que se revela surpreendente. 
O passeio, com 10kms, teve já outras edições e dá-nos a conhecer pequenas maravilhas naturais e históricas bem como  lendas locais.
Organizado pelo Clube Recreativo de Alcanadas, de forma impecável deve dizer-se, juntou cerca de 500 pessoas numa manhã quente, ensolarada e que apelava a contacto com a natureza. O percurso é em parte coincidente com o Percurso de Pequena Rota da Mata do Cerejal, devidamente assinalado, revelou-se desafiante e exigente fisicamente e admito entrou directo para o top 10 dos percursos mais desafiantes e bonitos que já percorri.

Começamos por percorrer uma parte de estrada alcatroada antes de entrarmos em caminhos de pé posto. Ao longo do caminho podemos contemplar a vista e flora, de onde se destacam inúmeras orquídeas selvagens e um sem número de flores silvestres que perfumam o ar...

 

 

 

Seguimos caminho e entramos numa zona onde, inesperadamente surge a entrada de uma mina de carvão, a Mina das Barrogeiras de onde se extraiu carvão até 1953.
Terá havido exploração de minas de carvão entre 1854 e 1954 em 44 concessões demarcadas sendo Alcanadas e Chão Preto dois importantes polos.


 Seguimos caminho até a um ponto onde nos cruzamos com a lenda que segundo a tradição popular deu origem ao nome da povoação. 
Reza a lenda que, a origem das Alcanadas é do tempo do Dilúvio. O Patriarca Noé, ao passar com a sua Arca por estas paragens, perguntou: “ Arca, nadas ou já estamos em terra firme? Surgindo assim o nome desta localidade.

Continuamos por caminhos e trilhos a descobrir a zona e encontramos o Polvorinho, ou seja o lugar onde era armazenada a pólvora usada para as explosões do processo mineiro.
 


Continuamos a marcha em trilhos acidentados, com escadas improvisadas esculpidas na terra e depois de uma generosa subida que precede uma simpática clareira onde paramos para recuperar o fôlego, beber uma água e desfrutar de um lanche. Aqui aguarda-nos um momento musical de concertinas e acordeons e a surpreendente estátua viva que representa os mineiros e a sua vivência.
 

 


Daqui seguimos e poucos metros depois entramos no percurso da Mata do Cerejal, zona natural bastante rica (inserida na Rede Natura 2000), quer em espécies animais como vegetais. Um percurso verdejante, um pouco difícil mas que vale pela serenidade, pela mistura de aromas a flores silvestres e sobretudo pela paz e pelo silêncio.
 

 

Continuamos a seguir o percurso assinalado que nos leva de volta à povoação, não sem antes vencer uma última e longa subida... Sem dúvida uma experiência a repetir! 


Também pode realizar-se em autonomia o Percurso Mata do Cerejal (PR1) com cerca de 7kms e que se inicia junto à Capela de São Mateus e Nossa Senhora do Ó. Recomenda-se uma certa preparação antes de nos aventurarmos neste percurso, calçado e roupa confortável e água...fundamental.

Comentários